A instalação de painéis solares, principalmente para autoconsumo, requer uma reflexão sobre a forma como se pretende utilizar a eletricidade gerada através deles. É viável optar por vender toda a produção à rede elétrica, consumir parte dela e vender o excedente, ou ainda utilizar toda a energia gerada sem a saída à rede?
Enviar energia elétrica para a concessionária pode parecer uma opção interessante à primeira vista, mas, na prática, pode não ser a mais vantajosa financeiramente, ambientalmente ou em termos de eficiência.
Priorizar o autoconsumo e buscar maior independência energética são alternativas que podem trazer mais benefícios a longo prazo. Antes de tomar uma decisão, é essencial avaliar as condições locais, as políticas da concessionária e as opções disponíveis para maximizar o retorno do seu investimento em energia renovável.
Para aqueles que desejam maximizar o uso da eletricidade produzida, adotar boas práticas é fundamental. Isso não apenas ajuda a evitar a subutilização dos painéis solares, mas também garante que a instalação seja rentável. Existem cinco dicas importantes que podem ser seguidas para otimizar a produção solar de maneira eficaz.
Para garantir o consumo total da energia gerada, é fundamental planejar minuciosamente a instalação solar antes da aquisição. Uma instalação superdimensionada pode dificultar o uso pleno da energia, especialmente durante o verão, quando a produção tende a ser maior que o consumo.
Se a pessoa optar por instalar os painéis sozinha, deve calcular a quantidade adequada de painéis necessários. Existem simuladores online disponíveis por meio de vendedores que auxiliam na avaliação das características necessárias para a instalação solar com base em fatores como consumo, orientação e localização.
Ao contratar um profissional, ele pode ajustar a instalação conforme as necessidades específicas de uso. Uma instalação de 3 kW geralmente atende a maioria das residências, permitindo que eletrodomésticos, como a máquina de lavar e a máquina de lavar louça, funcionem simultaneamente.
Com um sistema dimensionado corretamente para o lar, torna-se mais fácil autoconsumir toda a produção de energia. Em algumas situações, é viável considerar uma leve subdimensionamento do sistema solar para minimizar perdas. Contudo, esse pode ser um movimento arriscado se a meta for autonomia energética, particularmente em locais remotos.
Um sistema solar exige que as pessoas ajustem seus hábitos de consumo de energia. Para aproveitar ao máximo a eletricidade gerada, é fundamental utilizar os aparelhos durante os períodos de maior produção, que costumam ocorrer entre 10h e 16h. Durante esses horários, recomenda-se operar:
Para quem não está em casa durante o dia, programar os eletrodomésticos para funcionar ao meio-dia é uma alternativa prática. Também existem dispositivos que começam a operar conforme a produção solar e temporizadores que acionam automaticamente o aquecedor de água quando há energia solar disponível em excesso.
O aquecimento de água pode representar facilmente 50% do consumo energético de uma residência. Portanto, ativar esse equipamento nos períodos de pico é vantajoso. Se houver a necessidade de trocar o aquecedor, optar por um aquecedor termodinâmico pode ser uma solução mais eficiente em termos energéticos.
O uso de um gerenciador de energia solar é fundamental para otimizar o autoconsumo. Este dispositivo controla a eletricidade gerada, garantindo que ela seja utilizada de maneira eficiente nos equipamentos da residência. Quando a produção de energia é alta, a eletricidade pode ser redirecionada para eletrodomésticos, enquanto o excedente é armazenado em baterias ou direcionado para aquecedores, sistemas de calefação ou ar condicionado.
Além disso, esse gerenciador permite um monitoramento eficaz, assegurando que o autoconsumo seja maximizado sem exigir grande dedicação de tempo. O investimento varia conforme a funcionalidade e o tamanho do sistema solar, com opções a partir de 200 euros nos modelos básicos.
Alcançar a plena autossuficiência solar sem armazenamento é desafiador devido às flutuações diárias na geração de energia, que variam conforme a incidência de luz solar.
Embora seja possível agendar eletrodomésticos para o funcionamento em horários de maior produção, como ao meio-dia, ainda é complicado utilizar toda a energia gerada, especialmente nos meses de verão. As potências dos aparelhos mudam durante seu ciclo de uso, resultando em um excedente de energia não aproveitada.
Para evitar a perda dessa energia, a aquisição de uma bateria para armazenamento é uma opção viável. É importante considerar, no entanto, que as baterias possuem um custo significativo, aumentando assim o investimento total do sistema fotovoltaico. Existem três categorias principais de baterias disponíveis:
Outra alternativa são as baterias virtuais, que envolvem contratos com fornecedores de energia. Nesse modelo, o excedente é enviado à rede elétrica e possibilita ao usuário consumir a mesma quantidade de energia quando necessário. Contudo, essa opção não é gratuita e não permite a obtenção de incentivos de autossuficiência.
Uma maneira de atingir a autossuficiência energética é ter um carro elétrico. Carregar a bateria do veículo pode aproveitar a energia extra gerada durante o dia, aproveitando sua grande capacidade de armazenamento. No entanto, isso exige que o carro esteja disponível em casa durante o período diurno, o que pode ser um desafio para quem trabalha fora.
A utilização da bateria do carro elétrico como forma de armazenar essa energia adicional é uma opção viável para aqueles que atuam remotamente ou não dependem do veículo para se deslocar ao trabalho.
Em um futuro próximo, a tecnologia deve permitir que as baterias dos carros forneçam eletricidade para as residências através de um sistema bidirecional (V2H – veículo para casa), mas essa inovação ainda está em desenvolvimento.
É essencial ter em mente que maximizar o uso da produção solar não é uma tarefa simples. Embora existam estratégias que ajudem a otimizar essa utilização, a autossuficiência total requer planejamento cuidadoso e a implementação de boas práticas para aproveitar ao máximo a instalação solar.
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